escrevo fúcsia
amarelo-dourado
havaí
bato o chinelo
por aí
te pego pela mão
volto pra mooca
danço criolo a dois
olho pra ela
olhando
pra ele
não sou
zona sul
o silêncio
hoje
tem ar de cavaquinho
de samba
paulistano
cor de busão
áries, leão
que bobagem é trabalhar
vamos ver o sol
fazer um site
tomar café
ver
uma
exposição
sambar
pela paulista
já que
o amanhã
mesmo
não há
santo amaro 669A
lotado até de noite
vou pra casa
deitar na cama
pensar
a vida
o que é
albert cossery
murilo mendes
haroldo de campos
rodrigo campos
são muitos
são tantos
pinto a unha
porque gosto das cores
e da abstração
que o pincel
sobre a unha
vagarosamente
me dá
ciça pinta as unhas no ponto de ônibus
de amarelo
e na puc, pinta as do pé
enquanto conversa comigo
o professor de economia
não é "tangido pra dentro de ternos"
toda vez que fala de economistas
bota a mão no colarinho
imitando uma gravata
(mas avisa que não é marxista
e eu descubro que há algo beyond)
quero correr
fazer um gol
um pudim
ver a cidade
no fim da santo amaro
meio são gabriel
meio joaquim floriano
meio brigadeiro luís antônio
um muro traz “veracidade”
veja a cidade, zona sul
veja a cidade, cidadão
ontem, a aula era:
o que é cidadão
o que é ser cidadão
gozar de direitos civis?
morar em uma cidade?
ser cidadão é ver a cidade
com olhos de cidadão
de dentro do carro, do metrô, do busão
padecer do câncer-kassab
mas é também sambar
tomar garoa na cabeça
ouvir o samba de rodrigo campos
jogar futebol
comprar esmaltes
pegar a fila gigante da lotérica
encher o bilhete único
pra veracidade
3 comentários:
delícia de texto.
Lendo e amando, enquanto pinta as unhas de verde
ana t., obrigada por sua presença.
e ciça, ciça, nada que eu diga caberia em você - que é gigante.
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