08 março 2010

sunflower

pega fogo o apartamento na esquina
e concluo que cada noite é uma noite
e cada bolero, um bolero
os passos desritmados ao abismo:
inevitáveis

há um enorme gap entre o que sou e o que devo ser
duas pontes que conectam
o acesso
ao retrocesso
difuso
e torpe
pela noite

o cansaço do cansaço
dum barco velho que não se move mais
de pessoa
pra
pessoa
pra
caeiro
pra


e o que guardo - velado velado -


nada poetizarei
nada achincalharei

a lona é morna
e envolve os fatos
enquanto não descobrir o que há por baixo
não durmo
não dormirei
nunca


amanhã haverá o trânsito
o acinzentado massacre
o pensamento que explode doido

haverá o fôlego e o choro
o poeta e o louco

e haverá a verdade
deliciosamente nua
estapeando-me a cara


todos erram.



nenhuma dor exprime
o que um vibrato retrata
num bolero



me debruço
me viro
não durmo
não engulo

haverá amanhã a carne carcomida
dois longos caminhos
e um beijo


que dirá


boa noite, sunflower.

03 março 2010

madrugada
momento
intenso
de

S O L I D Ã O