vi fotos dela dia desses e, claro, ontem
sonhei. apareceu pra mim com o cabelo sujo, óleo puro, e cara de coitada.
escreveu seu nome num pedaço de embalagem de escova de dentes seguido por
“colou aqui”. essa era a mensagem. ela estava lá. soube por outrem que apareceu em casa porque pediu pra passar por baixo da catraca no
metrô. sem grana, supus. estávamos sendo formalmente apresentadas. pela vida, não por alguém. já
sabíamos uma da outra.
me trouxe presentes: dois cães pequenos e
estranhos. um deles de pelo áspero e levemente caolho. o outro, um vira-lata diminuto, quase chihuahua. amante de bichos, não senti nada. aqueles
cachorros não me faziam feliz. mistério impermisto. desconcertante.
então afeita à ideia de cuidar de novos filhos, convidei os dogs para
a realização de suas tarefas fisiológicas naturais. “vamos fazer xixi.” ambos
subiram no sofá forrado por um lençol velho e cafona e mijaram ali mesmo. muito. litros de mijo amarelo.
instantaneamente, a raiva me subiu pela
carcaça. corri atrás dela, que provavelmente planejou a mijada para
me desarranjar emocionalmente. cadê, cadê você. encontrei-a no topo de um prédio. o dia estava cinza, os ares bagunçados. ela parecia
usar pijamas. ainda com cara de coitada, só que agora com a pele mais amarela ainda. e acordei.
outro dia, um amigo me mandou oi pelo
whatsapp e o auto corretor trocou “débora” por “densidade”. algo no ar me
sugere feito vento no nariz que, costumeiramente burra, a máquina acertou na
sugestão. vez em vez é muita noia. guenta.