23 abril 2010

o nome do post anterior seria "poesia ma fucking ass"


mas sei lá a quem fico tentando enganar
nesse blog-zinho de merda
poesia ma fucking ass
estou cansada de ser existencial
e idiota
e sentir
e desejar

rousseau, vá tomar no cu
escritores, todos vocês, vão tomar no cu
comedores de menininhas, vão tomar no cu
literários, poetas e virtuoses, vão tomar no cu




saiam do meu caminho




(pelo menos por hoje)

14 abril 2010

dois

minha poesia é lobo em pele de cordeiro
é falha
oca
sozinha
triste
branca
e
belle époque




me enfio entre o caminho da cabeça
do tronco ao pescoço
e respiro fundo
cheia de vértebras
que dançam
quando preciso dormir


traço uma linha no ar
como uma idiota
uma completa idiota
pra fazer dos tolos
um pouco mais tolos
e fazê-los ver
(sem modéstia)
o que nem eu vejo


é possível?


o gosto deveria ser doce

mas me desce amargo

tal qual café sem açúcar nem nada

















o baixo continua groovado

bem, bem groovado

com um timbre quase acústico

a guitarra pontua o contra

com um pouco de reverb

e sem distorção

daí entra a voz ....................

cremosa





















vozes



















o que tenho ouvido deve ser diabólico

deve pertencer ao paralelo

ao semi-transcendental

pois quando fecho os olhos........... ah.
























tenho um vizinho notívago

talvez mais notívago do que eu

porque todos os dias acordo bastante cedo

ele, não sei

um senhor já

com mais de cinquenta

fumante

fumamos à janela sempre

ele na dele

eu na minha

às vezes são duas, três da manhã

o homem fuma em silêncio

sempre com a luz acesa

eu gosto da meia-luz

nunca nos falamos

tampouco houve olhos nos olhos

porque é sempre escuro

mais vejo uma mancha do que um homem

pudera, não enxergo bem de longe

e também não tenho o desejo de vê-lo

então que, ontem, os dois à janela

um caminhão passa e praticamente arranca um dos fios do poste

nada falamos

o homem fumava

eu também

não nos "olhamos"

o homem pegou o telefone

deve ter ligado para a eletropaulo

falava e gesticulava no escuro de sua janela

com um ar aloprado

e louco

continuei a fumar

envolta por um cachecol vermelho felpudo

fumei

quieta, muito quieta

fechei a janela

me deitei e dormi





agora, escrevo poesia insonsa

o homem continua à janela

às vezes parece curiar o que escrevo

mas não me importo

mesmo se seu olhar fosse biônico

não enxergaria



não enxergaria nada



igualzinho aos tolos



dos quais falei.
















e,
concretizando o pensamento inicial
que nada tem a ver com o homem da janela,
repito o inédito

(isso é possível no meu mundo, quanto ao seu, honestamente, não sei)


:
















são dois gumes


















e são dois cortes























dois.