29 maio 2011

a última busca na sua janela

era eu. frágil. com a mochila velha no lado direito das costas e a jaqueta jeans no esquerdo. caminhava em sua direção com feições trêmulas, segurando o choro. fechei a porta olhando fixo nos teus olhos. você, tão bonito, barbudo, me olhando doce, consternado, anestesiado pela despedida. eu sabia que antes de chegar até você, cairia minha primeira lágrima. e a força da gravidade cumpriu seu papel. enquanto você me abraçava, apertei seu rg contra meu peito e beijei sua foto. frágil como uma casca de ovo. e seus olhos atentos, me observando como alguém observa uma gotinha caindo (única) no vidro da janela num dia chuvoso. te abraço. estamos com a mesma roupa de ontem. é como um ninho. maio. faz frio. ontem, quando você voltou do banho, eu já dormia. quando acordei de madrugada e percebi que estávamos na cama, me odiei. te odiei por não ter me acordado. odiei tudo por ter dormido e não ter passado longas horas conversando com você na cama. analisando o mundo sob o nosso viés, tão particular. falando sobre o trabalho, a vida, as pessoas, o amor. gosto de te doar minhas entranhas. gosto de adormecer ouvindo sua respiração. gosto da segurança, do conforto e da paz que me dá quando estou ao seu lado.

Um comentário:

rafael gregorio disse...

do viés às entranhas. que lindo isso. que lindo.