04 maio 2010

manhãs

boto o pé na calçada


o homem do bar, simpático, me diz oi com a cabeça
um senhor com aparência nordestina
de olhos azuis claros
cabelos lisos
curtos
cara de bom sujeito
veste sempre um jaleco azul escuro

me cumprimenta desde que cheguei neste prédio
sendo que, em dois anos, comprei apenas duas coisas em seu boteco-karaokê-lanchonete
uma vez, um maço de cigarros
de uma marca que não fumo
noutra vez, uma fanta laranja
me recordo bem
em garrafa de vidro




faz sol
mas visto um casaco leve
por cima de uma camisa florida




faz sol
mas faz vento
frio



estou numa fase camisas-coloridas-floridas-com-casacos-por-cima




está tudo devagar




o trânsito
o céu
o vento



piso meus primeiros passos
do dia
no chão



antes de sair de casa
o chuveiro desligou
o secador de cabelos secou
o café preto encheu o copo
a manteiga visitou o pão
o isqueiro se juntou ao maço no bolso do jeans
a luz apagou
a dor doeu
a coragem brotou



sabe-se-lá-deus-de-onde





( as coisas criam velocidade )






muitos ônibus
muitos carros
pessoas na calçada
carros no posto de gasolina


as árvores se rebelam
vento
vento
vento


meus cabelos dançam
chapados
no ar
em movimento







o céu azul me mata ........................





















a poesia é minha mulher, minha musa, é minha vontade infinita.











o céu azul me mata

me transporta ao lugar que desejo

o infinito

desconhecido

azul

um azul enorme

doido






sinto-me uma menina
uma criança
um pássaro que só quer voar
quer voar bonito
quer voar livre
quer explorar o céu azul
quer correr pelo vento
e sorrir
quer sair por aí





uma

alma

que

quer

VOAR












eu sou um pássaro. e só quero voar.



das coisas todas que quero
o desejo principal é o desejo de voo



voo lento
livre
lindo








eu só quero voar



voar fora da rotina

me desprender do que pontua as situações

voar com asas que não conheço

criar leveza

desenhar uma linha infinita no céu azul

com o voo

que é meu

que é livre

anárquico

com o voo

que é

de todos

que é aberto

e louco

bem louco

que é chapado

fumado

estraquinado

com olhos de coelho

e é doce

infantil

leve

o voo que é inesperado

que embasbaca

que abre sorrisos

que samba

e batuca

e arrasta os chinelos

é o voo do ano

do século




é o voo que todos querem voar









é o voo

que eu voo

todos os dias

quando vejo o céu

pela manhã

infinita

3 comentários:

george jung disse...

pássaros passarolas

K./Tua Filha Gosta! disse...

hoje esse teu poema é tão meu...
um beijo, flor~

Francisco disse...

isso é poesia.

tenho visto ultimamente muita gente escrevendo textos, e colocando em verosos, e achando que aquilo é poesia.

poesia tem que te encantar. e esta foi efetiva.

abraço.