com o mantra pós-moderno que minha alma entoa enquanto encaro teu rosto branco, quase onírico, a fitar a rua ou o calendário ou meus ombros nus. e fumamos cigarros comprados na padaria, debatemos a esquerda, a direita, as grávidas em pé nos pontos de ônibus e as novas ciclovias. meus fios de cabelo estão secos e o desodorante acabou. você gravita na órbita colorida que invento. nossa xícara está cheia de café gelado, que importa?, o jornal voa com o vento.
aberta, a janela ganha contornos psicodélicos enquanto a tarde começa a cair.
não parecemos preocupados.
e não parecemos preocupados.
- pulsa em verdes e azuis -
os pássaros não se importam com nossa angústia ou com a falta de dinheiro. fazemos planos de morar na suíça e em belo horizonte ao mesmo tempo. tua convicção (qualquer uma de tantas) embasbaca a minha falta de coragem, os meus pulsos magros. de repente, sumo dentro do que acredito. e trocamos de papel, como crianças numa peça de teatro encenada para os pais.
você, o cérebro. eu, o coração.
percebo cílios de crianças na mesa, sinto saudade da infância. pisar com o pé cru no cocô dos pastores-alemães ou pisar no formigueiro e despejar vinagre enquanto as picadas, gradativamente, incham.
os cachorros: jade, july e king.
king, de pelos negríssimos, vivia rodeado de moscas. sua orelha era carcomida e não havia motivos para pânico. e assim, silencioso, quieto, portando a beleza de um rei, foi até o momento de sua morte.
[me perco]
aprecio mais em espanhol e catalão. do alto de minha burrice, sinto a poesia desconhecida reinando em sua falta de significado e sentido. como se fosse doce apalpar o escuro, o universo catatônico que me aguarda numa outra vida resplandece. talvez cigana, talvez caminhoneira.
mas de uma coisa é possível ter certeza: a estrada...
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